Meus caros senhores...
leitores... seguidores e outros.
Resumindo: meus amigos!
Não vos exibo agora a minha cara porque lhe iríeis ver desenhada uma desmedida vergonha por me ter escondido num silêncio escandaloso de três meses.
Não. Não foi malandrice minha. Foi tão-só desleixo e agora me dou conta de que o tempo afinal ainda passa mais veloz do que aquilo que supomos.
Também com timidez vos digo que não sou esperto suficiente para as novas tecnologias e daí ter que sofrer... repetidamente... explicações dos meus filhos para puder navegar e eles nem sempre têm a paciência... e seria óptimo se tivessem comigo a que com eles tive.
Era bom, não era?!...
Teriam que me carregar ao colo. Mudar-me fraldas. Arranjar-me o leitinho. Estudar comigo. Brincar comigo e até... carregando-me às costas... fingir de burro.
Sim, é verdade que fiz de tudo. Qual foi o pai que o não fez?!
... E quem foi que disse que eu preciso que me mudem fraldas ou que gosto de biberão?
Alguém falou (ou escreveu) que eu preciso de estudar? Se preciso... e todos precisamos para nos irmos actualizando constantemente, verdade é que não me apetece ou, pelo menos nem sempre.
Quanto ao brincar, é coisa que até gosto, mas não tem que ser forçosamente com os meus filhos, que já não estão para me aturar e agora o que mais lhes dá jeito é que eu brinque com os filhos deles, o que até me dá prazer. São os meus netos, não é verdade?
E daqui a uns dias lá ando eu de novo a fazer de burro...
...Outra vez?!
...
“Ai, o nabo não sabe navegar na NET!” ... agora ouvi você dizer.
(Está bem! se não o disse, pensou... que eu bem sei, mas está desculpado).
Bom! Para ser sincero também não foi só por isso.
Aconteceu... acontece... e espero que continue a acontecer, que me devotei à poesia e tenho andado de volta de um livro de sonetos que no meu íntimo já “editei” e, vai daí, já o imprimi e reimprimi - efectivamente e vezes sem conta - . Cortei-lhe e recortei-lhe folhas e perdi tempos infinitos com aquelas suas rimas e descuidei-me com o meu Blog.
Fui também a algumas tertúlias de poesia.
Do fundo escuro da minha “gaveta” retirei e declamei alguns sonetos que aqui ponho a nu:
Tempestades (tema obrigatório)
Relâmpagos doidos riscam nos céus!
Trovões carregam trovões por resposta!
Anjos travessos, crianças de Deus,
Bolem, cadeiras tombam e Deus não gosta...
Um anjo traquina brinca com isqueiro
Que outra faísca relâmpago faz.
Aquele anjo lindo e tão verdadeiro
Só faz disparates... mas que rapaz!!!
Um diferente anjinho, que tão bem vi,
Mal-educado, brincou... fez chichi...
Que em feitio de chuva nos veio ter.
É por isso que, com tantas maldades,
Nos caiem lá do alto as tempestades...
E agora, que se lhe há de fazer?!...
À minha mulher (tema livre)
No meu corpo mora a poesia,
A loucura, a arte e o prazer.
Dor que me consome noite e dia
Numa ânsia de amar o meu escrever.
No meu corpo mora uma paixão
Que me aflige e gasta até às entranhas...
Me escraviza; me quebra o coração...
Noites que não durmo, e são tamanhas!!!
No meu corpo mora o teu amor...
No meu jardim tu és a minha flor.
No teu corpo quero eu viver.
Assim, eu e tu já não somos dois,
Nossa vida tem estrelas... outros sóis!...
No teu jardim eu quero florescer!
Maio, maduro Maio (tema obrigatório)
Num coração sofrido e depravado
Guardo-te Maio, tão resplandecente.
Minha alma vê em ti um mês sagrado...
Que aproveita que exista um mês diferente.
Maio, maduro Maio ! - Tão nobre hino! -
De rosas coberto e engalanado.
De pássaros vestido - fugaz destino! -
Que entoam poemas por todo o lado.
Cucos, nas tuas manhãs deslumbradas
Que em mística hipnose nascem sagradas,
Cantam doces notas... estonteantes...
E eu, ó Maio, pasmo embriagado
Pelo teu incenso assim perfumado,
Que num feitiço impele tantos amantes!
À Ana (tema livre)
Foi tão triste a noite em que não dormi...
Que néscio sono de mim nada quis.
Num desespero louco, então, fugi.
Numa praia longe... fui tão feliz!
Cobriu-me o luar na noite tão fria.
Sonhei lindo!... matei até desejos...
Mais tarde acordei... o sol se via...
Cingi garota que me encheu de beijos.
Com afecto, perguntei quem era.
Refutou rindo: “sou a Primavera”.
Minha linda!...você, não me engana...
Disse-lhe ao ouvido, jogando eu.
Deu-me beijos... muitos... e respondeu:
-Pois não, só brincava... eu sou Ana.
Espigas (tema obrigatório)
Queria tanto ao teu colo voltar!...
Mãe, que te foste para luto meu.
Ser pequerrucho... de novo brincar
Com a mãe que tive e que Deus me deu.
Queria tanto contigo passar
Noites de histórias com estrelas no céu.
Rir contigo... ou contigo cantar
A nossa canção que jamais morreu.
Queria-te tanto, para te olhar
Na nossa casinha... tão doce lar...
Pegar nas tuas mãos magras... formosas!
Queria tanto ter-te comigo...
Catar no campo espigas de trigo.
Colher p’ra ti braçadas de rosas.
Esfolhadas (tema livre)
Na minha aldeia, noites de esfolhadas
Eram lindas e cheias de magia!
Iam rapazes... todos às molhadas...
Ter com as moças, que por lá havia.
Viam-se espigas em mãos atiladas,
Que punham a nu o grão, com mestria.
Cantavam raparigas... com risadas...
Como se fossem... começar o dia.
Encobriam fruta... Beijos negavam,
Aos rapazes que lhos mendigavam...
Mas abonavam-nos... que eu bem o sei:
Às escondidas... era aos namorados...
E às avistas, aos afortunados...
S’ acaso encontrassem um milho rei.
Depois de tudo isto deixo-lhe, meu caro, uma promessa: “ não vou repetir outro silêncio longo quanto este”. Palavra de poeta!
Para ti, que andas espreitando este blog, deixo um desafio: "Segue-me e dá-me a tua opinião". Aceito críticas desde que sejam construtivas. Isto serve para ti António Vitor C.C. (ex-furriel das Panhards de Bula que lá de longe - Angola - me andas seguindo "mas escondido". Um abraço especial para ti.
Um abraço e até breve.