Bom dia!
Hoje o meu dilecto amigo António faz anos.
Como sempre, desde que deixámos de ser colegas, vai a caminho de uma dúzia de anos, ele recebe um telefonema meu neste dia. Não falha!
O senhor doutor no BPI, mais conhecido por António “grande” entre os amigos, hoje espicaçou-me...
Ele já se deleitava com os meus versos, quando ambos arruinávamos os nossos olhos na secção de Recolha de Dados, no então Banco Borges & Irmão e não posso esquecer o quanto por ele fui defendido numa reunião em que me quiseram puxar as orelhas, no já longínquo dia 20 de Maio de 1987...
como o tempo passa!
Naquela época “descobri” que o chefe de divisão, o senhor Soares e o subchefe de secção, o senhor Batista, eram António e João, respectivamente.
Quanto ao chefe de secção, esse era Pedro, que Deus lá tem, e por tal nome era tratado e, vai daí, cá o rapaz viu neles os três santinhos populares...
Fiz uns versos, que se reproduziram de forma inconcebível e fotocópias, de mão em mão, correram o Banco... só os três desconheciam...
O já saudoso Joaquim de Sousa, o amigo Artur Enes e o Pedro Sá, directores no Processamento, não se coibiam de tratá-los por “santinhos” e, antes que viessem a desmontar a intriga, dias depois eu mesmo lhes facultei aqueles e, afora o João, não gostaram.
Dias mais, a polémica reunião com todos os colegas e chefias. Vi-me grego e dos poucos a erguer a voz em minha defesa foi o “grande” António, além do meu amigo “S. João” que viu naquilo arte e não sátira.
Pelo alarido, só por isso, guardei os versos e eu tinha feito até ali muitas dezenas, que nunca conservei.
Foi também a contar daquele dia que passei a preservar todos os demais e hoje tenho cerca de meio milhar deles.
Bem sei que muitos não têm a beleza de outros mas, guardei-os a todos e os ditos ponho-os à luz; depois de terem andado escondidos nos bolsos de "meninos" e nas carteiras de tantas "meninas", meus colegas.
Aos meus chefes:
Foi Santo António comprar,
com o amigo S. João,
umas cartas de jogar,
p'ra fazer grande serão.
S. João, que é divertido,
Mostrou-se muito interessado
mas, que tinha resolvido;
Queria Pedro convidado.
S. Pedro chegou, por fim,
vinha alegre e mui feliz;
Convidou-me então a mim
mas, aí eu fui juiz.
-Pedro, cartas?! Isso não.
Eu vou já, mas é p'rá farra!...
vem daí, caro João
e trás a tua guitarra.
Outro remédio não há,
disse Pedro com fulgor.
ó António, anda lá!
não te esqueças do tambor.
Fomos os quatro p'rá rua,
com foguetes a estoirar.
Vieram estrelas e lua...
muito povo p'ra brincar.
Noite adentro foi bailar
na noite de S. João.
No fogo fomos queimar
o baralho, pois então!
Porto, 20 de Maio 1987
Leonel Olhero