segunda-feira, 6 de julho de 2009

Palavra de poeta!

Meus caros senhores...
leitores... seguidores e outros.
Resumindo: meus amigos!
Não vos exibo agora a minha cara porque lhe iríeis ver desenhada uma desmedida vergonha por me ter escondido num silêncio escandaloso de três meses.
Não. Não foi malandrice minha. Foi tão-só desleixo e agora me dou conta de que o tempo afinal ainda passa mais veloz do que aquilo que supomos.
Também com timidez vos digo que não sou esperto suficiente para as novas tecnologias e daí ter que sofrer... repetidamente... explicações dos meus filhos para puder navegar e eles nem sempre têm a paciência... e seria óptimo se tivessem comigo a que com eles tive.
Era bom, não era?!...
Teriam que me carregar ao colo. Mudar-me fraldas. Arranjar-me o leitinho. Estudar comigo. Brincar comigo e até... carregando-me às costas... fingir de burro.
Sim, é verdade que fiz de tudo. Qual foi o pai que o não fez?!
... E quem foi que disse que eu preciso que me mudem fraldas ou que gosto de biberão?
Alguém falou (ou escreveu) que eu preciso de estudar? Se preciso... e todos precisamos para nos irmos actualizando constantemente, verdade é que não me apetece ou, pelo menos nem sempre.
Quanto ao brincar, é coisa que até gosto, mas não tem que ser forçosamente com os meus filhos, que já não estão para me aturar e agora o que mais lhes dá jeito é que eu brinque com os filhos deles, o que até me dá prazer. São os meus netos, não é verdade?
E daqui a uns dias lá ando eu de novo a fazer de burro...
...Outra vez?!
...
“Ai, o nabo não sabe navegar na NET!” ... agora ouvi você dizer.
(Está bem! se não o disse, pensou... que eu bem sei, mas está desculpado).

Bom! Para ser sincero também não foi só por isso.
Aconteceu... acontece... e espero que continue a acontecer, que me devotei à poesia e tenho andado de volta de um livro de sonetos que no meu íntimo já “editei” e, vai daí, já o imprimi e reimprimi - efectivamente e vezes sem conta - . Cortei-lhe e recortei-lhe folhas e perdi tempos infinitos com aquelas suas rimas e descuidei-me com o meu Blog.
Fui também a algumas tertúlias de poesia.
Do fundo escuro da minha “gaveta” retirei e declamei alguns sonetos que aqui ponho a nu:


Tempestades (tema obrigatório)

Relâmpagos doidos riscam nos céus!
Trovões carregam trovões por resposta!
Anjos travessos, crianças de Deus,
Bolem, cadeiras tombam e Deus não gosta...

Um anjo traquina brinca com isqueiro
Que outra faísca relâmpago faz.
Aquele anjo lindo e tão verdadeiro
Só faz disparates... mas que rapaz!!!

Um diferente anjinho, que tão bem vi,
Mal-educado, brincou... fez chichi...
Que em feitio de chuva nos veio ter.

É por isso que, com tantas maldades,
Nos caiem lá do alto as tempestades...
E agora, que se lhe há de fazer?!...



À minha mulher (tema livre)

No meu corpo mora a poesia,
A loucura, a arte e o prazer.
Dor que me consome noite e dia
Numa ânsia de amar o meu escrever.

No meu corpo mora uma paixão
Que me aflige e gasta até às entranhas...
Me escraviza; me quebra o coração...
Noites que não durmo, e são tamanhas!!!

No meu corpo mora o teu amor...
No meu jardim tu és a minha flor.
No teu corpo quero eu viver.

Assim, eu e tu já não somos dois,
Nossa vida tem estrelas... outros sóis!...
No teu jardim eu quero florescer!



Maio, maduro Maio (tema obrigatório)

Num coração sofrido e depravado
Guardo-te Maio, tão resplandecente.
Minha alma vê em ti um mês sagrado...
Que aproveita que exista um mês diferente.

Maio, maduro Maio ! - Tão nobre hino! -
De rosas coberto e engalanado.
De pássaros vestido - fugaz destino! -
Que entoam poemas por todo o lado.

Cucos, nas tuas manhãs deslumbradas
Que em mística hipnose nascem sagradas,
Cantam doces notas... estonteantes...

E eu, ó Maio, pasmo embriagado
Pelo teu incenso assim perfumado,
Que num feitiço impele tantos amantes!



À Ana (tema livre)

Foi tão triste a noite em que não dormi...
Que néscio sono de mim nada quis.
Num desespero louco, então, fugi.
Numa praia longe... fui tão feliz!

Cobriu-me o luar na noite tão fria.
Sonhei lindo!... matei até desejos...
Mais tarde acordei... o sol se via...
Cingi garota que me encheu de beijos.

Com afecto, perguntei quem era.
Refutou rindo: “sou a Primavera”.
Minha linda!...você, não me engana...

Disse-lhe ao ouvido, jogando eu.
Deu-me beijos... muitos... e respondeu:
-Pois não, só brincava... eu sou Ana.



Espigas (tema obrigatório)

Queria tanto ao teu colo voltar!...
Mãe, que te foste para luto meu.
Ser pequerrucho... de novo brincar
Com a mãe que tive e que Deus me deu.

Queria tanto contigo passar
Noites de histórias com estrelas no céu.
Rir contigo... ou contigo cantar
A nossa canção que jamais morreu.

Queria-te tanto, para te olhar
Na nossa casinha... tão doce lar...
Pegar nas tuas mãos magras... formosas!

Queria tanto ter-te comigo...
Catar no campo espigas de trigo.
Colher p’ra ti braçadas de rosas.



Esfolhadas (tema livre)

Na minha aldeia, noites de esfolhadas
Eram lindas e cheias de magia!
Iam rapazes... todos às molhadas...
Ter com as moças, que por lá havia.

Viam-se espigas em mãos atiladas,
Que punham a nu o grão, com mestria.
Cantavam raparigas... com risadas...
Como se fossem... começar o dia.

Encobriam fruta... Beijos negavam,
Aos rapazes que lhos mendigavam...
Mas abonavam-nos... que eu bem o sei:

Às escondidas... era aos namorados...
E às avistas, aos afortunados...
S’ acaso encontrassem um milho rei.


Depois de tudo isto deixo-lhe, meu caro, uma promessa: “ não vou repetir outro silêncio longo quanto este”. Palavra de poeta!
Para ti, que andas espreitando este blog, deixo um desafio: "Segue-me e dá-me a tua opinião". Aceito críticas desde que sejam construtivas. Isto serve para ti António Vitor C.C. (ex-furriel das Panhards de Bula que lá de longe - Angola - me andas seguindo "mas escondido". Um abraço especial para ti.
Um abraço e até breve.

6 comentários:

  1. Passei para dar uma olhadela.

    Obrigado por me ter associado ao seu blog.

    Um abraço

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  2. Lindos poemas!!!
    Em Agosto podes contar comigo para te dar umas aulas da Internet e também brincar contigo ;) beijinhos da Teresa

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  3. Os teus poemas são muito belos. Cheios de ternura.
    Fico-te muito grata pela visita e pelos comentários lá no Fotografias.

    Um beijo pra ti

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  4. Escreves com uma imensa alma...


    Abraço

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  5. Caro Leonel,

    O blog Koyaanisqatsi (http://koyaaniskatsi-cb.blogspot.com) abriu espaço para que seguidores (anônimos ou não, cadastrados ou não) possam postar seus textos. O conteúdo não necessariamente deve ser equivalente à linha seguida pelo blog. Maneiras diferentes de ver a vida são importantes para que os vários aspectos da vida ganhem novos ângulos de visão.

    Para que seu texto seja publicado, é obrigatória a identificação, entretanto, não é necessário que seja o nome real, mas o e-mail disponibilizado tem que ser válido.

    A sugestão é que o texto seja escrito utilizando a fonte de letra Times New Roman tamanho 12 e não exceda a uma página do editor de texto Word (ou similar), com espaço 1.

    Os textos deverão ser enviados para o e-mail koyaanisqatsi.blog@gmail.comdevidamente revisados e serão publicados a fonte Courier com o título em amarelo, o texto em branco e a imagem colocada à direita para diferenciar das postagens próprias do blog.

    Mande seu texto!!

    Carlos Bayma

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  6. Este mar de fresco azul
    Estas pedras sentinelas constantes
    Estas ondas que adormecem nelas
    Vieram do mundo em formas navegantes

    O amargo das uvas verdes
    Cede ao sorriso do astro rei
    O doce invade os sentidos
    E a ternura impõe a sua lei


    Boa semana


    Abraço

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